sexta-feira, 17 de julho de 2009

Pedagogia Dialógica e Teoria da Adaptação-participação.

Se expressar é a educação mais fundamental que define ser quem somos e isso é um diálogo consigo mesmo, com o meio e com o outro: Aprender a ler e escrever, a entender símbolos diversos, a se relacionar de forma interpessoal, a fazer contas e a dominar a técnica, a dominar algum conhecimento científico e o processo de desenvolvimento, a ampliar os conhecimentos no âmbito de uma comunidade em que estamos inseridos é a mesma coisa que aprender a Dialogar. Todos esses aspectos na criança envolvem distinções no âmbito do processo fundamental de aprender a ser para entender e ser ela mesma.
A tarefa da educação dialógica é delicada porque pressupõe, em princípio, relações de conceitos mutáveis segundo um momento histórico e que perpassam emotividade e racionalidade, como por exemplo, o sentido e a práxis do amor, do desprendimento, da firmeza, da paciência, da tolerância, das impressões e da decisão. Daí se constrói o convívio e a afetividade, as aparências e evidências, o cênico e o real, o falar e o saber calar, o saber ouvir e o ser ouvido, o aprimorar e o refazer da aceitação comum dialógica.
Assim, a busca da adaptabilidade, por parte da criança, em sala de aula é um fato, mas sua função positiva é possível se for dialética. Nossa proposta é demonstrar que uma das maiores ferramentas que o professor poderá utiliza em sala de aula é inerente à ao ensino-aprendizagem. O diálogo, no entanto, pouco ao seu respeito é discutido.
Educar para o diálogo é aprender a ensinar, sempre dentro de novas situações, a falar o que sente o que não sente e, o que gostaria de sentir, a ouvir do outro não o que quer ouvir, mas o que ele pode e quer pode externar, segundo a afeição dinâmica do grupo.
Das Relações possíveis: O conflito positivo
Sabemos que, as relações em sala de aula, e que objetivam a aprendizagem, passam por inevitáveis “conflitos”, os quais são os meios de aprimorar ou se alcançar determinados objetivos, também muitas vezes são um fim, quando a partir destes, se alça novos vôos em busca de outros objetivos. É certo que uma relação onde se processam conhecimentos e informações o conflito é uma constante, mas, longe de clichês, este é positivo quanto maior for reconhecido, percebido, estudado, entendido e direcionado.
Dentro dessa compreensão de conflito desvencilhada do conceito tradicional, ou preconceito, o diálogo poderá ser o meio pelo qual o professor norteará sua metodologia de ensino e seu relacionamento a fim de que os educandos alcancem a socialidade com um mínimo de frustrações. Neste ambiente facilitador o professor conseguirá com maior facilidade aplicar seus objetivos educacionais, pedagógicos e curriculares.
Essa aceitação por parte dos educandos, não é passiva nem contraditória, porque é construída do diálogo – enquanto relação verbal e corporal. É processual e comunial enquanto se der a empatia e o sentido do que se busca em ensinar e estudar.
Dessa afirmativa, pode-se definir o objeto da educação como não somente o “educar”, mas que sua dimensão está no modo como o fazemos, a forma como prosseguimos pensando, o tipo de distinções que apresentamos os valores éticos e morais dos critérios em que nos baseamos para o caminho a percorrer e a vivência das práticas que se propõe isso dentro e fora da sala de aula.
A função do diálogo na criança não é somente exteriorizar-se; É muito mais interiorizar o outro, a situação em que se dá o diálogo e o próprio cenário, isso para aperfeiçoar sua adaptação. Então, essa interiorização é mais ou menos intensa segundo seu repertório de experiências bem sucedidas ou frustradas. Nesse contexto, por adaptação é compreendido o fato de que a infância é movida por uma busca radical, no âmbito da vontade, digamos, efusiva de descobrir e descobrir-se, à cata de se tornar sujeito e assim ampliar sua participação no ambiente em que vive.

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